Ontem, quando aguardava ser ouvido pelos agentes da Divisão de Investigação Criminal da PSP, pediu para ir à casa de banho, por duas vezes: da primeira vez, deparou-se com uma janela selada; da segunda vez, arrancou a sanita e partiu o vidro. O ?Corvo?, como ficou conhecido quando foi detido pela primeira vez, aos 16 anos, saltou pela janela e fugiu. Ignorou os disparos do guarda prisional ? que a tiro rebentou com a porta da casa de banho ? e desobedeceu à ordem de paragem.

Os agentes à civil da Divisão de Investigação Criminal da PSP encetram nova perseguição ? e, de acordo com o relato de várias testemunhas que o CM ouviu no local, os agentes fizeram vários tiros para o ar.

Um popular, Silva Aleixo, assistiu a tudo: ?Ele fugia com vários polícias atrás e ouvi dois disparos?. O ?Corvo? tombou. Ainda chamaram uma ambulância, mas ele estava morto. O delegado de saúde chegou às 12h45 para declarar o óbito.

AGENTE ALVO DE INQUÉRITO

Segundo a legislação em vigor, os agentes das forças de segurança apenas podem disparar armas de fogo para ?repelir uma agressão actual e ilícita em defesa própria ou de terceiros?, disse um a fonte judicial contactada pelo CM. De acordo com o Decreto-Lei 321/94 de 29 de Dezembro, os agentes também podem disparar quando o opositor ?oferecer resistência à execução de um serviço e para manterem a autoridade?. A lei prevê igualmente que os agentes façam fogo ?depois de terem feito ao resistente intimação formal de obediência e tenham esgotados outros meios para demover o opositor?. Uma fonte sindical dise ao CM que o polícia que disparou sobre Olívio irá ser alvo de um inquérito. A investigação já está a cargo da Polícia Judiciária. A mesma fonte adiantou ainda que ?é provável que o polícia seja alvo de um processo disciplinar?, porque os polícias só podem disparar sobre os membros inferiores dos opositores e só podem empregar meios proporcionais à ameaça.