Nos finais do século XIX, princípios do XX, viveu na então vila de Torres Vedras uma ilustre Senhora D. Joaquina Rodrigues que possuía uma receita (diz-se que vinda do Brasil) duns deliciosos pastelinhos, que ela fazia com requintes de mestria, e com que brindava os familiares e amigos. Entre esses amigos, encontrava-se a D. Maria José Frutuoso, que vivia numa casa junto à demolida capela da N. Sra. do Rosário, perto da Igreja de S. Pedro, a quem a D. Joaquina presenteou com a receita e o modo de cozinhar os deliciosos pastéis.
D. Maria José saiu-se muito bem do ensinamento e passou a fabricar os pastelinhos por encomenda, sendo ela a primeira pessoa a comercializá-los. Aconteceu que, entre os seus familiares, a D. Joaquina tinha uma parente de nome Maria Adelaide Rodrigues da Silva que, na intimidade, era conhecida pelo apelativo afectivo de ?Mazinha?, que também aprendeu a arte de fabricar os pastéis de feijão.
A gentil Mazinha como era conhecida por todos- casou entretanto com o Sr. Álvaro de Fontes Simões, (alcunhado de Pantaleão) que decidiu explorar comercialmente os doces. Nasceram assim os pastéis de feijão da marca ?Maria Adelaide Rodrigues da Silva?, que alcançaram um estrondoso sucesso que se estendeu para muito além da região de Torres Vedras.
Depois começaram as pastelarias da terra a dar fabrico próprio aos famosos pastéis, segundo receitas da sua autoria , mas sempre com a amêndoa e o feijão por base.
Cerca de 1940, um filho do Sr. Álvaro Simões Vírgilio Simões - , usando a receita da Mazinha, montou uma fábrica especificamente destinada ao fabrico dos famosos pastéis que atingiu elevados níveis de produção. Nasceram assim os muito conhecidos pastéis ?Coroa?.
A fábrica ?Coroa? incrementou de tal modo a produção que o seu proprietário decidiu mecanizá-la. Assim, comprou máquinas que teve de adaptar para moer a amêndoa e o feijão, permitindo que uma mulher que levava, até aí, uma hora e meia para passar por um passador o polme para creme, passou a levar 8 a 10 minutos. Os fornos passaram também a ser eléctricos, substituindo os iniciais, a lenha. Em 1973, já trabalhavam na fábrica 14 empregados e produziam-se 250 dúzias diárias.
De seguida, uma irmã do Sr. Virgílio e igualmente enteada da ?Mazinha? a D. Virgília - criou uma nova fábrica, que baptizou de ?Brazão? o seu apelido matrimonial. Tendo cessado a laboração cerca de 1960, a marca seria vendida já nos anos 80, passando os pastéis a ser fabricados no lugar do Bonabal, agora com rótulo de ?Maria Adelaide Rodrigues da Silva?.
Em meados do século, o pastel de feijão tinha-se assumido universalmente como o doce de Torres Vedras, sendo muitas vezes os torrienses referidos jocosamente pela alcunha de ?pastéis de Torres?, referenciando o tradicional comportamento taciturno dos nativos. Também nos momentos gloriosos em que o clube de futebol disputava as taças nacionais, era habitual os jornais lisboetas mostrarem, a propósito do resultado de um jogo, manchetes do género ?Sporting foi a Torres comer três pastéis de feijão?.
Nos dias de hoje, várias indústrias artesanais se desenvolveram, existindo em Torres Vedras várias fábricas de Pastéis de Feijão. Fonte.
PS- dedicado ao Carneiro, grande apreciador destes pastéis.
Escrito por Elise às 1:00 da tarde
12 Comments:
Acho que já iam uns pasteizinhos desses, depois da dieta forçada que tive!
Um acidente "doméstico" partiu-me toda... (ai estas escadas...)e estive impossibilitada de estar na net durante uns dias, mas agora voltei!!
Já estou a ver que quando aí for, tenho que levar umas arrobas de pasteis. Sem contar aqueles que o Francis vai comer quando me assaltar a meio do caminho. Vou tentar descobrir a receita, para ser eu a fazê-los. Para os amigos não vale pronto-a-comer.
Esta é para o Nesso: Foi em Torres Vedras que em 1959 a equipa do FCP, sentada no meio do campo pelado aguardou os quase 20 minutos do Calabote. Foi nesse dia que Pinto da Costa teve um acidente de automóvel a caminho de Torres. Mas fomos campeões. E teve que durar até 1978. Só com a democracia tivémos condições para voltar a ganhar alguma coisa. Antes foi o tempo da "transparência"
deve ser do tempo xoxo, está tudo a pensar em comida.. eu adoro tudo o que é doce, infelizmente... mas também gosto de foot e FCP (como se vocês não soubessem) ah ah a enxaqueca está a mexer-me com o miolo
Tanta memória também dava para recordar aquele dia em que o Torreense da ínfima divisão arrumou o fcp da taça. Qto aos pastéis eu agradeço a receita, mas como conheço a pasteleira lá de Torres, prefiro ir buscá-los à fonte. Mas, Carneiro, te cuida, porque logo na portagem de Loures sou capaz de te sacar metade do farnel.