quinta-feira, julho 28, 2005

Pastéis de Feijão de Torres Vedras

Nos finais do século XIX, princípios do XX, viveu na então vila de Torres Vedras uma ilustre Senhora D. Joaquina Rodrigues que possuía uma receita (diz-se que vinda do Brasil) duns deliciosos pastelinhos, que ela fazia com requintes de mestria, e com que brindava os familiares e amigos. Entre esses amigos, encontrava-se a D. Maria José Frutuoso, que vivia numa casa junto à demolida capela da N. Sra. do Rosário, perto da Igreja de S. Pedro, a quem a D. Joaquina presenteou com a receita e o modo de cozinhar os deliciosos pastéis.

D. Maria José saiu-se muito bem do ensinamento e passou a fabricar os pastelinhos por encomenda, sendo ela a primeira pessoa a comercializá-los.
Aconteceu que, entre os seus familiares, a D. Joaquina tinha uma parente de nome Maria Adelaide Rodrigues da Silva que, na intimidade, era conhecida pelo apelativo afectivo de ?Mazinha?, que também aprendeu a arte de fabricar os pastéis de feijão.

A gentil Mazinha como era conhecida por todos- casou entretanto com o Sr. Álvaro de Fontes Simões, (alcunhado de Pantaleão) que decidiu explorar comercialmente os doces. Nasceram assim os pastéis de feijão da marca ?Maria Adelaide Rodrigues da Silva?, que alcançaram um estrondoso sucesso que se estendeu para muito além da região de Torres Vedras.

Depois começaram as pastelarias da terra a dar fabrico próprio aos famosos pastéis, segundo receitas da sua autoria , mas sempre com a amêndoa e o feijão por base.

Cerca de 1940, um filho do Sr. Álvaro Simões Vírgilio Simões - , usando a receita da Mazinha, montou uma fábrica especificamente destinada ao fabrico dos famosos pastéis que atingiu elevados níveis de produção. Nasceram assim os muito conhecidos pastéis ?Coroa?.

A fábrica ?Coroa? incrementou de tal modo a produção que o seu proprietário decidiu mecanizá-la. Assim, comprou máquinas que teve de adaptar para moer a amêndoa e o feijão, permitindo que uma mulher que levava, até aí, uma hora e meia para passar por um passador o polme para creme, passou a levar 8 a 10 minutos. Os fornos passaram também a ser eléctricos, substituindo os iniciais, a lenha. Em 1973, já trabalhavam na fábrica 14 empregados e produziam-se 250 dúzias diárias.

De seguida, uma irmã do Sr. Virgílio e igualmente enteada da ?Mazinha? a D. Virgília - criou uma nova fábrica, que baptizou de ?Brazão? o seu apelido matrimonial. Tendo cessado a laboração cerca de 1960, a marca seria vendida já nos anos 80, passando os pastéis a ser fabricados no lugar do Bonabal, agora com rótulo de ?Maria Adelaide Rodrigues da Silva?.

Em meados do século, o pastel de feijão tinha-se assumido universalmente como o doce de Torres Vedras, sendo muitas vezes os torrienses referidos jocosamente pela alcunha de ?pastéis de Torres?, referenciando o tradicional comportamento taciturno dos nativos. Também nos momentos gloriosos em que o clube de futebol disputava as taças nacionais, era habitual os jornais lisboetas mostrarem, a propósito do resultado de um jogo, manchetes do género ?Sporting foi a Torres comer três pastéis de feijão?.

Nos dias de hoje, várias indústrias artesanais se desenvolveram, existindo em Torres Vedras várias fábricas de Pastéis de Feijão. Fonte.


PS- dedicado ao Carneiro, grande apreciador destes pastéis.

Escrito por Elise às 1:00 da tarde

12 Comments:

Acho que já iam uns pasteizinhos desses, depois da dieta forçada que tive!

Um acidente "doméstico" partiu-me toda... (ai estas escadas...)e estive impossibilitada de estar na net durante uns dias, mas agora voltei!!

Um abraço e um sorriso (ainda dorido...) ;)
Blogger Menina Marota, at julho 28, 2005 1:45 da tarde  
Esta Elise estraga-me com mimos.

Se não estivesses tão longe no próximo domingo ia buscar uma caixa de meia dúzia para te levar de bicicleta.

Faziam-te muito melhor que as meias de leite.
Anonymous Anónimo, at julho 28, 2005 2:37 da tarde  
Menina, então? As melhoras, querida amiga!

Qualquer dia, o carneiro ainda vem ao Porto e traz pastéis para as senhoras do Norte. Depois até o levamos ao Dragão... :p

carneiro, eu gosto de mimar os amigos. Especialmente os que também me mimam! ehhh.

PS- eu peço sempre a meia de leite descafeinada. Mas há sempre algum(a) engraçadinho(a) que não leva a sério o meu pedido. :(
Blogger Elise, at julho 28, 2005 2:52 da tarde  
Adenda: o Nesso é um grande fã de pastéis de feijão.
Blogger Elise, at julho 28, 2005 2:53 da tarde  
Já estou a ver que quando aí for, tenho que levar umas arrobas de pasteis. Sem contar aqueles que o Francis vai comer quando me assaltar a meio do caminho. Vou tentar descobrir a receita, para ser eu a fazê-los. Para os amigos não vale pronto-a-comer.

Esta é para o Nesso:
Foi em Torres Vedras que em 1959 a equipa do FCP, sentada no meio do campo pelado aguardou os quase 20 minutos do Calabote. Foi nesse dia que Pinto da Costa teve um acidente de automóvel a caminho de Torres. Mas fomos campeões. E teve que durar até 1978. Só com a democracia tivémos condições para voltar a ganhar alguma coisa. Antes foi o tempo da "transparência"
Anonymous Anónimo, at julho 28, 2005 3:08 da tarde  
Aquele era eu.
Anonymous Anónimo, at julho 28, 2005 3:10 da tarde  
Que bom que bom que bom. Agora vou andar com essa imagem na cabeça. Que bom. Já disse que eu era guloso?
Blogger AA, at julho 28, 2005 4:18 da tarde  
deve ser do tempo xoxo, está tudo a pensar em comida.. eu adoro tudo o que é doce, infelizmente... mas também gosto de foot e FCP (como se vocês não soubessem) ah ah a enxaqueca está a mexer-me com o miolo
Blogger maresia_mar, at julho 28, 2005 4:58 da tarde  
E que tal comer um pastel de feijão enquanto vemos um jogo do FCP?

as melhoras maresia
Blogger Elise, at julho 28, 2005 5:41 da tarde  
Tanta memória também dava para recordar aquele dia em que o Torreense da ínfima divisão arrumou o fcp da taça. Qto aos pastéis eu agradeço a receita, mas como conheço a pasteleira lá de Torres, prefiro ir buscá-los à fonte. Mas, Carneiro, te cuida, porque logo na portagem de Loures sou capaz de te sacar metade do farnel.
Blogger Sergio Barroso, at julho 28, 2005 9:01 da tarde  
Caro Carneiro...

Esses eram os tempos em que os relógios paravam, ou então andavam no sentido da mouraria.

Mas este ano vai ser mais fácil, porque os slbês vão estar concentrados nos 6 jogos que vão fazer na liga dos campeões.
Blogger Unknown, at julho 28, 2005 9:20 da tarde  
Boa Dragonesso ah ah ah...
Blogger maresia_mar, at julho 29, 2005 9:52 da manhã  

Add a comment