sexta-feira, agosto 19, 2005
"A libertação da verdade"
Transcrevo a totalidade do último post do António, no Portugal Profundo. Merece uma leitura atenta seguida de profunda reflexão:
A polémica relativa ao erro jornalístico grosseiro no tratamento de questões jurídicas a propósito de uma notícia do Público de 13 de Agosto de 2005 (link indisponível), elaborada por Tânia Laranjo (ex-JN), que atribuía enganosamente à Procuradoria-Geral da República a responsabilidade pelo atraso de 16 anos de uma decisão judicial, desencadeada a partir de um post de 13 de Agosto no Cum Grano Salis, continuada nas Incursões por Rui do Carmo - especialmente nos comentários ao seu post - e na Grande Loja por José e Manuel, e criticada por João Pedro Henriques no Glória Fácil, justifica um comentário.
O erro acabou por ser reconhecido pela autora num comentário a esse post nas Incursões, mas só hoje foi publicado no jornal Público o esclarecimento da Procuradoria.
Vamos à motivação. O
Público não gosta de José Souto de Moura e participa de uma campanha
orquestrada pelo Partido Socialista para forçar a sua destituição.
Quando surge qualquer oportunidade de bater na Procuradoria, lá vem
castigo, mesmo se for preciso torcer as costas do adversário para lhe
assentarem melhor as bordoadas... Neste caso, a responsabilidade de
várias entidades é condensada na culpa da Procuradoria. Os leitores,
que não são burros, percebem e descodificam os Prós-e-Contras sistémicos.
A situação agravou-se com o comentário do inesquecível António Arnaldo Mesquita que atacou violentamente o José da Loja,
a despropósito da questão que estava a ser discutida. Criticado o
Público pelo erro, e por não o ter emendado, António Arnaldo Mesquita atirou
ao José o caso do cirurgião que, em processo-crime, foi condenado, na
primeira instância, a pagar uma indemnização (a remeter para uma IPSS),
por terem sido provados todos os factos, pela contratação de um
segurança para dar uma sova, não consumada, neste procurador que, no
seu mister profissional, tinha acusado, o dito cirurgião, entretanto
reformado, de quem se tinham queixado vários colegas de negligência na
morte de três pacientes. E veio com a formalidade do crime de
terrorismo (esquecendo a de coação sobre órgão constitucional) e da
absolvição, pendente de recurso, como se de um perfeito erro judicial
se tratasse de uma vítima inocente da iniquidade do Estado, esquecendo
a condenação na indemnização civil com todos os factos provados, e
omitindo que o inquérito e a acusação deste crime, entretanto
despenalizado, tinham sido feitos por outrém que não ele...
O ataque pessoal de António Arnaldo Mesquita ao José denuncia a falta de razão. É um argumento de quem perde e, por vingança, tenta ferir o adversário com uma ofensa sobre outro assunto qualquer.
Mas as investidas de António Arnaldo Mesquita e de João Pedro Henriques tornam-se mais graves porque se inserem numa política nojenta de caça às bruxas justiceiras que cometem a heresia de criticar os dogmas, os ritos e os ícones do sistema.
Trata-se de expor a função profissional do autor da opinião com o
propósito - implícito neste caso, declarado, sem vergonha, noutros - de
prejudicar a sua carreira, alertando os servos para a perigosa
independência do indivíduo. É a mesma lógica que levou à queixa de Jorge van Krieken Mota aos tribunais sobre a opinião publicada no blogue da Grande Loja do Queijo Limiano. A lógica que Jorge Coelho sumariava na fórmula: "(Q)uem se mete com o PS, leva!".
O João Pedro Henriques que critica o "tal José", dando a entender que o autor se esconde sob a capa do anonimato para cobardemente atacar quem nem sequer sabe quem ele é - quando António Arnaldo Mesquita conhece pessoalmente o José...
-, é o mesmo que inventou, em 13-10-2003 no Público (link indisponível), o "Vampiro das Saunas"
(numa indirecta a um ministro do Governo de então alegadamente
pedófilo), numa notícia sobre a reportagem de Le Point de 20-6-2003
(que Do Portugal Profundo transcrevemos, em 13-10-2003, num serviço
para os leitores portugueses que não conseguiram aceder à edição
electrónica ou em papel da revista francesa), assinada por Rui Araújo,
sobre o caso de pedofilia da Casa Pia. Ora, ao contrário do
que a notícia de João Pedro Henriques de 13-10-2003 pretende, em ponto
algum da reportagem de Le Point aparece essa expressão que João Pedro
Henriques usou. Nesse mesmo post de 13 de Outubro de 2003,
chamei a atenção para esta falha deontológica (fazendo até um link para
o Glória Fácil para sinalizar esta questão), mas o autor nada disse
sobre o assunto. Ética?
A censura do sistema já não é eficaz para suster a informação.
As novas tecnologias e novos meios estão disponíveis. Os blogues
existem. Os seus efeitos excedem muito as centenas de leitores que
directamente os lêem, pois são ampliados pelos mails, pelas fotocópias,
bragados (expressão cunhada aqui Do Portugal Profundo em referência a Isabel-O-Que-Oiço-Num-Blogue-Também-O-Podia-Ouvir-Na Mercearia-Braga) e até pela ressonância nalgum media coxo
mais afoito. E como não os podem ignorar, por a sua informação e
opinião, serem públicas e notórias, têm de ser atacados, directa e
indirectamente, os seus autores.
Há meses atendi uma jornalista
do Público que estava a realizar um trabalho sobre blogues e me queria
ouvir a mim. Respondi-lhe com paciência durante longo tempo, mas
adverti-a, apesar dos protestos de rigor, que a nossa conversa seria
mais um desabafo porque nem eu, nem nenhum dos blogues que lhe sugeria,
iria aparecer na reportagem... Telefonei-lhe depois da reportagem, cujo
conteúdo de glorificação de blogues do sistema e omissão das vozes
novas e livres já esperava. Pediu-me desculpa e, sem o poder admitir,
devido a uma incontornável falta de tempo, no meio de uma explicação de
que os editores do jornal tinham optado por referir os blogues de
personalidades dos media e da política oficial, confirmei o peso do
sistema auto-censório na autonomia dos media coxos.
A conversa chocha da acusação de justicialismo cheira ao mofo podre dos salões sujos, dos gabinetes pestilentos e das antecâmaras fétidas, onde pataca-a-mim-pataca-a-ti se repartem orçamentos, discutem comissões,
atribuem tachos, combinam abusos, comercializam favores, decidem
manchetes, orquestram campanhas, arquivam processos, perseguem
cidadãos. A corrupção.
Porque o único processo de mudar o sistema é expor a corrupção.
As práticas corruptas consuetudinárias no Estado português do início do
terceiro milénio só se mudam com a exposição do mal. Como a corrupção
domina os aparelhos partidários, instâncias de poder do Estado e grupos
de pressão, e o sistema mediático tradicional está quase todo
controlado, de forma directa e indirecta, pelo Governo, só a cassação pública dos corruptos, através da evidência dos seus crimes, pode reformar o sistema.
No estertor, o sistema convoca os servos do ex-quarto poder e tenta
resistir. A morte está anunciada, mas é eterno enquanto dura.
Os blogues constituem a vanguarda do tempo novo. O tempo novo da democracia directa da informação,
escrutínio, prestação de contas, responsabilização dos eleitos,
cassação de representantes, registo de interesses, consulta popular,
eleições primárias nos partidos para todas as candidaturas locais e
nacionais, audição dos candidatos a nomeações políticas, facilidade de
apresentação de candidaturas independentes.
O sistema não se está a aguentar com a denúncia dos abusos e, por isso,
reage, procurando a punição - pessoal, familiar, profissional,
económica, política e judicial - dos cidadãos do tempo novo da
democracia directa. Mas a verdade liberta.
Ler tudo aqui.
Escrito por Elise às 1:06 da manhã
3 Comments:
:) Era uma alegria tal para o pai que nem é bom falar disso...
Bom fim-de-semana para ti também. E pró marido, claro!
Beijinhos.
Bom fim-de-semana para ti também. E pró marido, claro!
Beijinhos.
Muito obrigado, Amiga Elise.
A pena, amiga, é que isto ainda não está maduro senão para a reflexão...
A pena, amiga, é que isto ainda não está maduro senão para a reflexão...
Como diz o amigo Sarney, o António carrega um grande fardo. eu admiro-o muito e desejo que a sua luta não seja em vão.
abraço
abraço
It's a perfect day... Elise!
He got burned by the sun
His face so pale and his hands so worn
Let himself in room 509
Said a prayer, and cried, 'it's a perfect day elise'
Blog de Elizabete Dias
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