CM - Não atravessamos uma onda de pessimismo relativamente à incapacidade de renovação da política?

MS - Não. O que tem havido é uma grande campanha contra a política e os partidos. Uma campanha com raiz de direita, que tem dado frutos. Os políticos têm má fama, toda a gente diz que as responsabilidades são dos políticos. Ninguém se lembra das responsabilidades dos jornalistas, dos juízes, dos técnicos, dos economistas... Todos temos responsabilidades. Numa democracia todos somos o Estado. Quem elege os governantes não são os portugueses?

CM - Toda a Direita está contra o sistema partidário?

MS - Grande parte. Eu não diria que é contra o sistema partidário, mas que advoga a descredibilização dos partidos, até porque é uma posição cómoda. Como os partidos são responsáveis, julgam os que dizem isso que deixam de ter responsabilidade própria. Desresponsabiliza-se tudo.

(...)

CM - Acha que, mesmo numa fase mais adiantada, ele (Cavaco Silva) não vai

MS - Não acho nada, não sou o estratega dele. Constato o que se passa. Eu fui ao Brasil e fartei-me de dar entrevistas. Dei à Globo, à Bandeirantes... E ele recusou todos os convites. Quer aparecer o menos possível, para não escorregar. Dá uma sensação de debilidade evidente.

CM- Isso devia ser penalizado nos votos?

MS - Acho que sim. Estou convencido de que vou ganhar as eleições por isso mesmo.