
sábado, janeiro 07, 2006
"Culpa sem castigo"
O Saúl era o terrorista da turma. Eu tinha medo dele, já que nos intervalos ele tinha por hábito dar pontapés às raparigas que brincavam no recreio da escola. Ninguém o controlava. Recordo aquela manhã em que Saúl chegou à escola com um brilho estranho nos olhos. No intervalo contou-nos: o "meu pai bateu-me, tenho as costas todas marcadas". "Ah, mentiroso, não acreditamos". Saúl levantou a t-shirt e mostrou as costas. Estavam todas marcadas com vergões. Ficamos em silêncio. Saúl ria, os olhos brilhavam, tinha apenas oito anos mas sentia-se um homem, porque aguentou tamanha carga de porrada que teria deixado um qualquer hospitalizado. O intervalo acabou, as aulas recomeçaram, assim como a indiferença para com a violência que o Saúl sofreu. A professora que soube do caso brincava cruelmente com os vergões nas costas: "ah, o teu pai marcou-te assim, eu marco-te assado, se continuas a portar-te mal."
Passados 20 anos é tenebroso constatar como nada mudou. Mais do que a terrível ineficácia e incompetência do Estado e serviços em proteger as crianças, é desgastante saber que as pessoas e as comunidades pouco ou nada fazem para prevenir os maus tratos.
Afinal de contas é preciso uma aldeia para educar uma criança...
Passados 20 anos é tenebroso constatar como nada mudou. Mais do que a terrível ineficácia e incompetência do Estado e serviços em proteger as crianças, é desgastante saber que as pessoas e as comunidades pouco ou nada fazem para prevenir os maus tratos.
Afinal de contas é preciso uma aldeia para educar uma criança...
Escrito por Elise às 10:04 da tarde
4 Comments:
A mentalidade não mudou!... E estas comissões de menores servem para nos sossegar. Permitem que olhemos para o lado e digamos: eles que dissessem o seu trabalho.
Desde o actual ministro (ele já teve responsabilidades na área em outros governos) até mim próprio, todos somos responsáveis.
Mas fica mal, muito mal um político enveredar pela forma que enveredou esse ministro. Com um discurso torto e repugnante como é a sua pessoa. A culpa, nem moral será alguma vez atribuída a alguém. A incompetência das pessoas no terreno são o reflexo das irresponsabilidades e desprezo que estes governantes têm com os cidadãos.
Mais uma vez, nossa culpa. Se fossássemos à demissão e garantíssemos que estes parasitas nunca mais veriam um cargo risonho. Este país seria um bom local para viver.
, at Desde o actual ministro (ele já teve responsabilidades na área em outros governos) até mim próprio, todos somos responsáveis.
Mas fica mal, muito mal um político enveredar pela forma que enveredou esse ministro. Com um discurso torto e repugnante como é a sua pessoa. A culpa, nem moral será alguma vez atribuída a alguém. A incompetência das pessoas no terreno são o reflexo das irresponsabilidades e desprezo que estes governantes têm com os cidadãos.
Mais uma vez, nossa culpa. Se fossássemos à demissão e garantíssemos que estes parasitas nunca mais veriam um cargo risonho. Este país seria um bom local para viver.
há tanto que fazer... meu Deus...
Credo, continuamos ne mesma e não vejo jeitos de se endireitarem as coisas, também com gente desta como havemos de conseguir?? Entretanto, lá continuamos a olhar para o nosso umbigo, não vemos nem ouvimos nada, tal qual Pilatos, enfim... Bjhs
Há nobreza ao maltratar uma criança? Há nobreza ao violar uma criança? Há nobreza ao matar uma criança? Se há...eu quero ser doutro mundo! Uma triste crueldade e tantas vezes ignorada pela maioria! Beijos e parabéns por mais um alerta!
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