
sexta-feira, janeiro 20, 2006
Não tenham medo de denunciar!
O silêncio dos lame media e do poder político sobre esta notícia é sintoma de um desprezo (sim, desprezo) pelo sofrimento das crianças vítimas de abuso e violação; e de uma clara falta de vontade em mudar profundamente comissões, institutos, organizações que deveriam proteger crianças e jovens; e sobretudo em mudar as atitudes de um país que parece tolerar a violência contra crianças (a classificação de alegadas vítimas aos jovens abusados da Casa Pia é um verdadeiro case study, tendo em conta que as perícias indicaram as sevícias constantes).
Vale a pena ler este artigo do Guardian - Não tenham medo de denunciar!
Devemos indignar-nos com a morte de qualquer criança e não apenas com aquelas que são mortas por estranhos . Se queremos acabar com a morte de crianças devido a abusos, as atitudes para com as crianças e a família devem mudarUma auto-estima baixa, a violência doméstica, a desunião familiar, o alcoolismo, problemas psiquiátricos e o consumo de droga são as causas mais comuns que podem levar à violência sobre crianças. Segundo o artigo, a morte de uma criança devido a abusos na sua família põe em causa os valores familiares. E como é um tópico desconfortável, os media quando não ignoram estes casos, insistem em focar a sua atenção no falhanço dos Serviços Sociais (a culpa é só do Estado).
Mas é preciso mudar as atitudes. É preciso parar de ter medo. Não podemos confiar apenas e só no Estado. A maneira eficaz de evitar mais abusos e mais mortes, passa pela parceria dentro das comunidades - a escola, a família e os serviços. Não podemos esperar que um burocrata qualquer enfiado num escritório, tenha a real noção do perigo em que vive a criança X. O português tem de começar a questionar, de mostrar que quer participar, para que salvemos o maior número possível de crianças. Temos de começar a valorizar as crianças. E se essa mudança não parte do Estado burocrata, temos de ser nós a tomar essa iniciativa.
Escrito por Elise às 12:00 da tarde
4 Comments:
Querida Elise
Sensibilizou-me muito este texto.
Denunciamos; mas a vítima depois nega por medo e fica tudo ainda pior para ela. E muitos técnicos olham para o lado para não levarem com as represálias dos maltratadores. Ou estão mal preparados. Ou são usados como bodes expiatórios por culpados de cúpula.
Enquanto o síndrome de Estocolmo não for prova de abuso e/ou violência domestica ... andam só a atirar-nos areia para os olhos.
Mas mais uma vez deixo um abraço solidário, com muita admiração por si e gratidão pelas suas sempre preciosas dicas.
Maria
, at Sensibilizou-me muito este texto.
Denunciamos; mas a vítima depois nega por medo e fica tudo ainda pior para ela. E muitos técnicos olham para o lado para não levarem com as represálias dos maltratadores. Ou estão mal preparados. Ou são usados como bodes expiatórios por culpados de cúpula.
Enquanto o síndrome de Estocolmo não for prova de abuso e/ou violência domestica ... andam só a atirar-nos areia para os olhos.
Mas mais uma vez deixo um abraço solidário, com muita admiração por si e gratidão pelas suas sempre preciosas dicas.
Maria
maria, obrigada, e espero que os seus livros sejam publicados. abraço forte
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Elise querida, eu nem sei em que mundo vivo, onde os mais indefesos são as grandes vítimas desta sociedade cruél e má...Quanto me doi amiga nem imagines o que me magoa tudo isto. Beijinhos minha querida