"Leandro" voltou a deixar marcas em S. Pedro de Fins (Maia). Ontem à tarde, eram bem visíveis, num terreno em Cardosas (lugar de Leandro), o desenho das patas. Leão, lince ou urso são hipóteses adiantadas por quem vive nas redondezas.
O bicharoco continua a primar pelo secretismo. Deixa as marcas das patas e das unhas bem afiadas em tudo que é sítio, mas ninguém lhe consegue deitar o olho. Como qualquer felino que se preze, actua pela calada da noite e esconde-se de dia. Nem a batida feita por 60 pessoas trouxe resultados.
Ontem, as patas estavam bem marcadas num terreno situado nas traseiras da Rua do Leandro, vendo-se, claramente, a almofada e três dedos.
Desta feita, o animal preferiu um terreno nas proximidades da quinta onde deixou as primeiras impressões, na quinta-feira. Depois de cruzar uma estrada, caminhou ao longo de 50 metros e terá, depois, conseguido resguardo numa mata próxima, em direcção a Silva Escura, o melhor caminho caso já não se sinta seguro e entenda mudar de ares. Do lado contrário, a Linha do Minho, a estação de Leandro e a Siderurgia Nacional não serão convidativas para uma eventual fuga.
Dois caçadores estiveram a analisar o local e rapidamente chegaram à conclusão de que se trata de um felino.
"As pegadas nunca serão de um cão", referiu um deles, enquanto fotografava e media o tamanho das marcas, que chegam aos nove centímetros de comprimento e a cerca de três de profundidade.
Segundo um biólogo contactado pelo JN, a profundidade das marcas indicia um peso a rondar os 90 quilogramas, o que põe de parte a hipótese de se tratar de um leão, a menos que estejamos a pensar num exemplar jovem.
O lince parecia reunir consenso. Mas os linces mais próximos vivem, em estado selvagem, nas Astúrias, a 400 quilómetros de distância. E a probabilidade de um lince ter fugido de um circo é remota, dado que não é um animal utilizado nas lides circenses.
E há quem defenda, depois de ter observado as garras cravadas nos eucaliptos, que o "Leandro" - nome com foi baptizado o animal - poderá ser um urso.
Tudo isto não passa, no entanto, de meras hipóteses, num campo em que apenas parece surgir uma certeza: trata-se de um felino não predador, pois na zona de Leandro existem uma vacaria, com 150 cabeças, e uma cavalariça e tudo rola sem sobressaltos.
Aliás, os cães vadios que haviam desaparecido - e que se supunha que pudessem ter servido de pequeno-almoço ao bicho - já voltaram ao local do "crime", de onde se ausentaram por 48 horas, quiçá amedrontados.
Hoje, dia em que o SEPNA deverá colocar uma armadilha, com carne ensanguentada, para atrair, durante a noite, o animal, pode haver mais novidades, pois alguém recolheu, para análise, pêlos encontrados num denso eucaliptal - onde também existem sinais de garras -, o que poderá ajudar a levantar, um pouco, o véu do mistério.
Um mistério que não trouxe rebuliço à pacata aldeia de Leandro. Com ou sem bicharoco, a vida continua tranquila para os lados de S. Pedro de Fins.